O que eu aprendi apontando lápis

Por Brunella Tristão Simonelli

Antes de dizer o que eu aprendi apontando lápis, preciso lhe contar uma história e convidá-lo a comemorar comigo o 1º aniversário da coluna Conexão e Gestão no Correio do Estado.

No último ano da faculdade eu fazia estágio todas as tardes em um núcleo de clínicas credenciadas para a avaliação psicológica no contexto de trânsito. De segunda a sexta-feira, pontualmente às 13h, supervisionada por várias psicólogas, eu iniciava a aplicação do processo que antigamente era chamado de psicotécnico.

Concomitantemente, por duas manhãs eu estagiava em uma consultoria em RH, convidada por duas psicólogas desse mesmo núcleo. Independente de vir da faculdade, de casa ou da consultoria, às 13h, todos os testes da primeira turma estavam separados e todos os lápis estavam apontados, para que o processo iniciasse sem atropelos ou atrasos.

Há 21 anos e 8 meses tenho a minha própria consultoria e ainda hoje os testes estão separados e os lápis apontados, antecipadamente. Mesmo tendo se passado tanto tempo, toda vez que tenho um lápis e um apontador em mãos, eu me vejo estagiária naquela sala de aplicação de testes do núcleo de clínicas credenciadas ao Detran. Eu me recordo da cor da sala, da disposição das carteiras, do quadro, de tudo.

Eu juro, a cada volta do lápis no apontador, eu faço uma retrospectiva da minha vida profissional. Claro, que não é mais sobre lápis, folhas de testes e cronômetro. Essas lembranças me levam aos comportamentos que foram decisivos para a minha trajetória e que me abriram portas por meio dos convites que recebi dessas pessoas que me acompanhavam.

De imediato elas viram e valorizaram pontualidade, responsabilidade e disciplina. O que veio depois foi consequência das demais competências desenvolvidas em um contrato psicológico que tinha, de um lado, a confiança e o incentivo das supervisoras e do outro, o meu compromisso de entrega.

Perceba: por mais simples, superficial ou elementar que uma experiência possa parecer, o seu comportamento está sendo observado e pode fazer com que vislumbrem em você competências que sequer imagina ter. Não é sobre a atividade em si; é sobre o quanto você se entrega ao realizá-la.

Eu sou suspeita, obviamente, mas vejo nesse relato uma história bem-sucedida do que é uma carreira e, claro, do que é a gestão de pessoas.

A carreira é uma sucessão de atuações que compreende diversos segmentos, atividades econômicas, nos mais diversos formatos de vínculo (formal, informal, temporário). A gestão de pessoas, por sua vez, se dá pela observação e valorização do que as pessoas entregam. Esse é um dos motivos que me fazem sempre dizer que a gestão de pessoas cabe em qualquer porte de empresa e que não existe liderança sem que haja o desenvolvimento das competências dos liderados.

Independentemente de onde estejamos, é necessário lembrar de onde viemos. No meu caso, o apontar de lápis foi ressignificado. Era apenas o início de uma trajetória que, antes de ser uma possibilidade para mim, foi vista por outras pessoas e que até hoje, não tem limites ou fronteiras.

Toda história de sucesso tem um marco singelo. Ele não precisa ser grande; pode estar em um pequeno detalhe. Ache o seu e procure entender o que ele tem a lhe ensinar além do óbvio. Qual foi o apontar de lápis na sua vida? Quais foram os comportamentos que lhe fizeram vencer os degraus que já subiu? Quais foram as apostas certas nas pessoas certas que você já fez, investindo tempo, esforço e incentivo?

E aqui eu quero registrar muitos agradecimentos: a todas aquelas psicólogas que enxergaram mais do que um apontar de lápis e ao Correio do Estado por há um ano ter me presenteado com a coluna Conexão e Gestão. Essa é a 52ª semana que compartilho com vocês, histórias, aprendizados e conhecimentos adquiridos ao longo da minha carreira. Tenho a certeza de que esse espaço é mais um lugar inimaginável ao apontar aqueles lápis. Sou grata, ainda, a todos os leitores. Muito obrigada!

brunella@talentorh.net

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