Por Brunella Tristão Simonelli
Recentemente, durante um Programa de Desenvolvimento de Líderes (PDL), justamente com o tema “Comunicação”, acolhi a queixa de uma colaboradora que dizia: “Fui identificada pelo uniforme na fila do supermercado e um cliente fez um questionamento acerca de uma campanha que a minha empresa lançou no Instagram sobre a qual eu não tinha informação nenhuma.”
Em outra situação similar os servidores de uma repartição pública se queixavam, de terem recebido de um usuário uma informação sobre a mudança nos dias de atendimento destinados à população em seus próprios setores, que estava afixada em outro órgão. Eles também desconheciam os dados informados.
Não é algo isolado. As empresas públicas ou privadas investem ao falar com o público externo, mas esquecem de comunicar as suas ações, posicionamentos e estratégias internamente. O resultado aparece nas queixas, que trazem o desalinhamento, o ruído e a sensação de não pertencimento entre aqueles que deveriam ser os primeiros informados.
Como cobrar comprometimento com a estratégia, práticas e políticas organizacionais dessa forma? A regra é clara: antes de comunicar para fora, comunique para dentro. A própria palavra “comunicação” significa tornar uma ação comum. Assim sendo, por que entre os stakeholders, o cliente tem informações que o servidor não tem?
A comunicação interna precisa ser intencional, estratégica e contínua.
Colaboradores que não sabem o que a empresa está promovendo, lançando ou defendendo se sentem constrangidos quando são pegos de surpresa, como nos exemplos acima.
Mais do que isso: deixam de ser representantes da marca, forçosamente. O marketing deixa de ser vivo na representação eficaz que os colaboradores podem fazer. E essa é só uma das consequências, porque quando a comunicação falha, os colaboradores perdem a confiança na gestão; informações importantes chegam distorcidas ou tarde demais; a cultura organizacional enfraquece; e a imagem da empresa se fragiliza por dentro e por fora.
Para reverter essa situação, compartilhe campanhas e mudanças com antecedência. É rico investir em um briefing curto com os líderes e incentivá-los a repassar às suas equipes.
Além disso, crie um canal oficial e confiável de informação e o mais importante e eficiente: traga o colaborador para o centro da comunicação.
Ele não é só público: é coautor da marca. Quando se sente incluído, ele replica a mensagem com autenticidade.
A comunicação interna não é um detalhe; é a base para qualquer negócio.